As fagulhas estão piscando
A madeira esta ao redor
O fogo começando
Os abutres circulam pelo céu
Voando e aguardando
Enquanto a minha carne sente o fel
O calor sobe e o suor escorre
Meu rosto cansado fita alguém
que ao meu lado aos poucos morre
ao fundo uma voz sussurra, corra, corra
mas amarrado não vou a lugar algum
e a platéia atenta espera por ver que por fim eu morra
é agora que relembro o passado
todos meus pecados
e cada pecado marcado pela dor de ter errado
mesmo tendo acertado
quando acordo vejo luzes
as almas que me conduzem carregam cruzes
e cavalgam pelas ruas brancas do paraíso
e preciso que alguém me diga que mesmo morto
estou consciente e ainda não perdi o juízo
agora sei que morri
não estou mais aqui ou por ai
sei lá o que fiz e que o fim não foi por um triz
só sei que aqui cheguei
sem ter caminhado
estou cansado, morto, dilacerado
sendo assistido pelos olhos azuis de uma atriz
Pensadores